O economista Eugene Fama, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2013 e frequentemente referenciado como o “arquiteto das finanças modernas”, recentemente proferiu declarações controversas sobre o futuro do Bitcoin. Para Fama, é altamente plausível que a criptomoeda perca toda a sua valia nos próximos dez anos, um prognóstico que acendeu intensos debates no universo financeiro. O Bitcoin vai colapsar?
Durante uma entrevista ao podcast Capitalisn’t, Fama sustentou que o Bitcoin, bem como outras criptomoedas, carece de valor intrínseco, o que coloca em xeque sua viabilidade econômica a longo prazo. Suas palavras ressoaram com força justamente em um período de ascensão vertiginosa da moeda digital, reforçando a polarização de opiniões sobre sua sustentabilidade.
Eugene Fama desafia a legitimidade econômica das criptomoedas
O economista reconheceu a complexidade inerente a previsões financeiras, repletas de incertezas e variáveis imprevisíveis. Contudo, enfatizou que sua análise se ancora em princípios econômicos sólidos. Segundo Fama, um ativo precisa de uma base estruturante que sustente sua valoração ao longo do tempo — e, na sua concepção, o Bitcoin não possui esse suporte.
Ele argumentou que, ao contrário de ações e títulos, que geram rendimentos através de dividendos e juros, o Bitcoin não produz fluxo de caixa. Além disso, sem um emissor central, como um governo ou um banco central, seu valor é sustentado unicamente pela especulação do mercado, tornando-o vulnerável a oscilações abruptas.
O momento da sua declaração é especialmente crítico. O Bitcoin recentemente ultrapassou a marca de US$ 100 mil, impulsionado pelo viés favorável às criptomoedas da administração de Donald Trump. Assim sendo, tal movimento fez com que analistas revisassem suas projeções, prevendo que a moeda digital possa atingir US$ 150 mil durante o governo Trump e possivelmente US$ 200 mil até o encerramento do ano.
Bitcoin pode estar inflado por uma bolha especulativa
Outro ponto polêmico abordado por Fama foi a possibilidade de o Bitcoin estar inserido em uma bolha financeira. Quando questionado sobre essa hipótese, ele afirmou: “Espero que sim”, sugerindo que a valoração da criptomoeda é transitória e desprovida de fundamentos econômicos concretos.
Ele destacou que, para que algo seja caracterizado como uma bolha, é necessário um descompasso evidente entre o preço de um ativo e seu valor real. Embora o termo “bolha” seja frequentemente utilizado sem um critério bem estabelecido, no caso do Bitcoin, sua ascensão meteórica pode ser sintomática desse fenômeno especulativo.
Ademais, Fama evitou apontar uma data exata para um eventual colapso da criptomoeda, mas reiterou que considera essa possibilidade inevitável. “Se isso não acontecer, teremos que revisitar toda a teoria monetária”, afirmou, reforçando seu ceticismo em relação à longevidade do Bitcoin.
Previsão extrema: Bitcoin pode desmoronar para zero
Quando instigado a comentar sobre a possibilidade de o Bitcoin perder completamente seu valor nos próximos dez anos, Fama respondeu que essa hipótese é “altamente plausível” e que a probabilidade de que o Bitcoin vai colapsar e cair para zero é próxima de 100%.
Apesar de admitir a incerteza inerente a previsões financeiras, ele sustentou que sua análise é embasada nos fundamentos clássicos da teoria monetária. Ativos que não possuem valor intrínseco ou suporte institucional, segundo ele, tendem a se dissipar com o tempo. Caso a confiança dos investidores se desestabilize, o Bitcoin pode seguir esse destino.
O contraponto: o ecossistema cripto segue sua ascensão
As ponderações de Fama colidem frontalmente com a realidade contemporânea do mercado cripto. Enquanto o economista critica, o setor continua em franca expansão, superando US$ 2 trilhões em capitalização total. Empresas de grande porte e fundos institucionais têm adotado o Bitcoin como reserva de valor, contribuindo para consolidar sua posição no ecossistema financeiro.
Paralelamente, a aceitação global das criptomoedas se intensifica, com governos e bancos centrais explorando mecanismos de regulamentação e integração da tecnologia blockchain. Muitos analistas argumentam que, longe de ser uma bolha prestes a estourar, o Bitcoin está no limiar de sua consolidação como um ativo financeiro legitimado.
Considerações finais
As previsões de Eugene Fama adicionam mais um capítulo ao interminável debate sobre a perenidade do Bitcoin. Enquanto o economista acredita que a criptomoeda carece de valor autêntico e pode desaparecer nos próximos anos, o mercado segue demonstrando confiança em seu potencial de valorização e adoção massiva.
A realidade é que o Bitcoin continua sendo um ativo volátil e fortemente especulativo. Seu destino estará intrinsecamente ligado a fatores como regulamentação, participação institucional e inovação tecnológica. Se Fama estiver correto, o Bitcoin pode ser uma efemeridade passageira. Por outro lado, se o mercado prevalecer, a criptomoeda poderá se tornar um dos pilares financeiros do século XXI.